sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dilema de Páris




Páris, enfim, decidiu o dilema...
Entre amar Vênus e sorver Atenas
Diabo de mulher ou anjo apenas?
Ambas! Acabou-se o problema

Devorarei vossos corpos hermosos
perdendo-me no harém do vosso prazer
Beijando-as todas dos pés ao pescoço
E entre suas coxas me intrometer

Vis sedutoras, de que me acusais?
De cafajeste, ceder às beldades!
Escravo de Baco e seus festivais
Deleito no leito até a saciedade

No amar, como o mar, há naufrágios
Mas no peito, a despeito de sua dor
E da prevenção dos maus presságios
Prometeu traz a fama de sedutor

Essa comédia romântica nunca tem fim...
Sofro tanto de amores quanto causo dores
Ferem-me doces balas de festim

Como recusar-te, Vênus, o sim?
Se morro de amores, a mim levas flores
E renasço das cinzas qual arlequim!

Arcangel


Será um anjo
Que caiu do céu
Do destino arranjo?

Sei não quer saber
Que há por trás desse
Sorriso de arcanjo

Sei não deu pra ver
Que é lá do Leblon
Menina carioca
Swing sangue bom

Lá na Lagoa
Ao som de blues
E da tua voz
O corpo dançou

Que coisa boa
Teus olhos azuis
Raiar de mil sóis
Olhei me cegou

Senti seu cheiro
Do corpo o calor
Seu doce tempero
Me nocauteou

Ah meu bom Deus
Me dê uma chance
Dê vê-la de novo
Será o amor?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Carneirices



Quem é essa que vem de longe em ternura

Antes presa no rastro da noite

Virada a página da biografia ?

Ela vem. Se insinua.

Eu revivo meu jeito em pessoa

Fechado. Ela não é como as outras

Sedutoras. Ela é consternação

Impossível impassível ante ela

Seu jardim antes amuralhado

Jaz derribado, mostra-a
nua

O que faço de ti, criança?

Quero tê-la. Entregar-me?ia...

Ela me lembra vidas vividas

Ela cheira a velha adolescência

Destino. Antiga e reprimida

Ela me lembra Fernâo Gaivota

E as ilusões do indeciso Messias

Há sombras em sua face lunar

Astronauta que sou, aterriso

Em sua quente atmosfera

De mil sóis e muitas eras