segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Carta de uma (quase) suicida que certa vez amei



Carta de uma (Quase) suicida...


1. Levanto meus olhos ao Senhor meu Deus e pergunto: Quando encontrarei o homem que me amará e que me deixará amá-lo? Por que colocastes em mim esta chama que arde sem parar, se me condenais à solidão? Não sou querida a Vós, como as demais criaturas que criastes, e assim me obrigais a vagar sem destino pela Terra, na eterna procura do amor e da felicidade que não existem para mim? Quantas lágrimas me quereis ver derramar na dor, no sofrimento e no desespero da vida solitária e vazia que levo, na qual tudo o que sinto não serve para ninguém? Vós vos divertis, ó Senhor, ao irromper da aurora, quando a cada novo dia constato meu passado miserável e meu futuro sem esperança? Quereis me destruir aos poucos, humilhar-me, saborear minha degradação mental, física e emotiva. Amaldiçoada seja a minha criação! Pois então fulminai-me de uma vez, acabai rápido com a tortura a que me submete ao manter-me viva! Ou fá-lo-ei por mim mesma...

2.(Respostas, reflexões e fechamentos)

Vindo de mim, com toda minha história, também preciso dizer hoje e agora que não curtindo a completa entrega a essa paixão, sei que nunca vou ter nada não, pois não há mal pior do que a decrença e o medo de rasgar o coração: jamais terei perdão. Sinto que a paixão me consome, me arrebata, me destrói os paradigmas, mói meus miolos e dói demais meu peito: assim me afogo e morro triste no lodo borbulhante dessa sofreguidão.Durmo o sono eterno, enfim, no cerro perdido: semeei vento, colhi tempestade. Fui o princípio, agora chego ao fim: rompante geral, completo e absoluto de perda de alma. De taça de sangue erguida, digo adeus ("a-deus"): ao amor, à fé, à própria criação. Anjo sem asas, mulher sem alma: a brusca queda ao buraco negro.

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