Poesia é coisa engraçada
Fica aqui esquecida, coitada
Até que acabam as saídas
E escrevo, encurralado
Para exorcizar um diabo,
Expulsar de dentro o bicho
Seja agora a poesia oráculo
Que me desvende, por Deus
O segredo dos encantos seus
Será feitiço, mandiga, magia
Encanto, prosa, vã poesia,
Macumba, sugestão, hipnose
Que agrava minha psicose?
Meu Deus, ela não faz nada
Mas que estrago ela faz...
Que arroubo quando sorri
E, Amazona, cavalga em mim
E se contorce como cobra
E me zombeteia, me goza
Mas nada disso explica...nem Freud!
Nem Nietzche e sua Salomé
Ela é engenheira demais pro meu gosto
Como gosto dessa mulher...
Eu fico assim tão psicólogo,
Me surta o poeta, me faço cantor
Me acomete um lirismo, um delírio
eu sinto vertigem, ela é colírio,
Não tem remédio, nem vudu
Que corte esse feitiço, esse exu
Fiz um brainstorm pra descobrir
A beleza, o sorriso, o encanto
A leveza, seu siso, meu canto
Me faz poeta, homem sensato
Menino gaiato, homem de fato
Ela me faz propostas loucas
Como namorar comigo à toa
Ela anda comigo no Pacífico
Ela é de lua cheia, fica virada
Qual Tsunami da minha praia
Ela me faz viajar, me leva à falência
Sem clemência nem decência
A albergues, às vias de fato
Não sei onde vou parar nem se quero
O que quero é que ela me leve
Para o céu, para os anjos, a Lua
Para a metafísica espúria